Clássico é clássico e o Burdog é uma das mais tradicionais hamburguerias de São Paulo desde 1968 – 50 anos de casa aberta é para poucos. Passou por gerações e preparou muitos hambúrgueres na madrugada.
Mesmo sabendo que o hambúrguer do Burdog é praticamente o mesmo durante todos estes anos, precisávamos fazer uma avaliação na casa matriz, que fica na Av. Dr. Arnaldo. É uma questão de posicioná-los dentro do cenário do hambúrguer atual, que mudou completamente.
Imagine que por um grande período as hamburguerias eram muito, muito parecidas. Faziam seus discos de carne fininhos, baixa proporção de gordura. Não é à toa que a maionese foi o grande diferencial as hamburguerias concorrentes. Era muito mais fácil se diferenciar pela maionese do que pela carne, quase sempre o patinho ou coxão mole moídos. E a combinação mais pedida era sempre o cheese salada.
Hoje, o cenário mudou e as hamburguerias como o Burdog continuam de portas abertas. Como eles podem se diferenciar, se o produto que eles oferecem é praticamente o mesmo – e os clientes fieis estão acostumado. Então fomos avaliar, usando os mesmos critérios de qualquer outra hamburgueria para descobrir o que acontece.
Aparecemos por lá por volta de 23h, horário em que poucas hamburguerias estão abertas em São Paulo – por incrível que pareça.
Assim que chegamos, notamos que a casa permanece igual, desde à fachada até o ambiente todo branco, bem iluminado e com pouquíssimos detalhes em verde – a cor oficial do Burdog. O ambiente é tão iluminado por uma luz branca que parecia até um “hospital”. Chega a ser estranho.
Sentamos à mesa ao invés do balcão, simplesmente pelo conforto. Recebemos o cardápio, que já conhecíamos de cabo a rabo, mas fizemos questão de conferir.
Primeiro, questionamos o garçom sobre as batatas e as onion rings: se eles preparavam ou compravam prontas. O garçom confirmou que não eram feitas na casa, então resolvemos optar pela porção pequena de onion rings por R$ 19,20, a porção grande custa R$ 25,70. As fritas, não artesanais, valem R$ 16,50 e R$ 20,90 respectivamente. Achamos o preço alto.
Os hambúrgueres que escolhemos são o clássico X Burdog, hambúrguer, queijo prato, tomate, alface, picles, cebola crua e maionese por R$ 31,90 e o X Zé Mineiro, hambúrguer, molho especial (pimentão e tomates agridoce) e maionese por R$ 27,90. Imagina que estes hambúrgueres pesam por volta de 120g e custam o mesmo preço ou mais caros que das hamburguerias mais modernas que trabalham com 160g em média.
É inegável que tudo fica pronto muito rápido, parece até que já sabiam o que pediríamos antes de chegarmos. As onion rings vieram servidas em um prato branco de louça, aparência meio desleixada e acompanhada de uma generosa porção de maionese da casa.
A maionese é um patrimônio histórico da hamburgueria, bem cremosa e de sabor suave, funciona muito bem com a porção e também para dar personalidade aos hambúrgueres. Mas tem gente que não gosta, principalmente da consistência mais firme.
Na primeira mordida, percebemos que é a velha onion ring de sempre, crocante por fora, quentinha e que até parece artesanal (pode ser que seja, mas não são preparadas na casa). Estavam gostosas, tem uma cebola inteira dentro do anel, esse é o diferencial de um anel de cebola. As marcas industrializadas costumam usar um tipo de creme de cebola empanado por questão de custo.
Os hambúrgueres chegaram em seguida, também ficaram prontos muito rápido. Lógico, a carne é super fininha e com pouca gordura.
O X Zé Mineiro não chama a atenção, hambúrguer baixinho, carne fininha e servido meio tímido dentro do saquinho.
O molho agridoce com tomate e pimentão vem junto com a maionese e por baixo da carne. Esse é um segredo, a maionese e o molho formam uma combinação perfeita e trazem umidade à carne fininha e seca do hambúrguer. São truques que as clássicas hamburguerias sempre usaram para compensar o hambúrguer e o bem passado tradicional.
O X Burdog não fica atrás, com uma porção de maionese junto ao tomate, faz o ponto alto do hambúrguer. O bacon crocante chama atenção pela crocância e por deixar o hambúrguer com um aspecto mais alto. Assim como as varias folhas de alface lisa que dão vida às cores do conjunto.
O picles e a cebola estão longe de ser dispensáveis, acrescentam sabor e contraste ao restante dos ingredientes.
A carne do hambúrguer foi provada separadamente, estava bem seca e quase sem gordura. Não dá para exigir ponto de carne num hambúrguer desta altura, vem totalmente bem passado. O sabor é razoável, mas a suculência é quase nula. Esse foi o ponto mais negativo.
É difícil optar por um cheeseburger no Burdog, é preciso acrescentar pelo menos uma maionese, senão o hambúrguer pode se transformar em pesadelo.
O pão dos dois hambúrgueres estavam quentinhos e suportaram bem o conjunto. Chega a ser um pouquinho massudo, mas nada que atrapalhe. É o pão clássico das hamburguerias mais antigas da cidade.
Antes de nos despedirmos, demos uma visitada nas sobremesas e escolhemos uma com a cara do Burdog, Banana do Almirante, uma banana na chapa com canela e açúcar, duas bolas de sorvete de creme polvilhadas com canela por R$ 27,50.
Acertamos direitinho no pedido. Banana quentinha e docinha junto com o sorvete de creme e a canela fizeram a combinação perfeita. Curtimos do início até o fim, exceto pelo preço que é meio alto, como todos os outros itens do cardápio.
O Burdog está aberto desde 1968 e desde a primeira vez que fomos, tudo é igual. Parece que parou no tempo. Se você é fã de hambúrguer e não conhece a casa, precisa ir, temos que experimentar uma hamburgueria com esta idade e respeitar o produto que ela serve.
Mas fica uma questão, qual será o futuro das hamburguerias clássicas, elas vão se reinventar? Vão permanecer as mesmas? Ou vão ser engolidas por tantos novos concorrentes? Deixe sua opinião nos comentários.
- hambúrguer
- maionese
- porção
- atendimento
- espera nenhuma
- cheese burgerR$ 21,70
- preço
(acima de R$ 50,00 por pessoa)
Avaliação do Guia do Hambúrguer
As avaliações do Guia do Hambúrguer são feitas sem aviso e sem conhecimento do estabelecimento, pagamos nossa conta e assim podemos falar a verdade.
Melhor Chese Salada de São Paulo.
Carne magra , maionese excepcional , alface fresca e bem higienizada .
Serviço rápido e atencioso.
Frequentava o Burdog desde infância e sempre foi um lugar caro. Lembro me que por causa do preço, comer lá era quase como uma celebração. Íamos somente em ocasiões especiais como aniversário e afins. Na época achava melhor que as tradicionais concorrentes como Hamburguinho, Chicohamburguer ou outras. Especialmente delicioso era o milk shake, também caríssimo. Sobre o futuro de hamburguerias como estas, acredito que se reinventar chegue até ser um tiro no pé, pois seu charme é justamente ser simples e tradicional. E além do mais, sempre existirá o fator gosto. Sempre haverá alguém que prefira um hambúrguer menos sofisticado ou simplesmente por questão de astral, esteja afim de comer um bom e velho x salada paulistano. Achei que a maionese merecia uma nota maior. Ademais, sou fã do site de vocês! Parabéns pelas resenhas. Abraços
Obrigado Jocelyn pela sua opinião! Todos são bem-vindos.
Gostei da avaliação mas no final tá muito tendencioso, parece que quer que a hamburgueria feche, que seja engolida. Deixe-a.
Desculpe Fernando, não foi a intenção. Mas vale a reflexão, como ficarão essas hamburuguerias no futuro em meio a tantas outras com produtos tão diferentes. Nós esperamos e desejamos que haja público para todas!